Embora o crédito consignado do Auxílio Brasil tenha sido aprovado pelo Congresso e aprovado pelo presidente Jair Bolsonaro (PL), os principais bancos privados do Brasil não disponibilizarão a modalidade aos beneficiários.
Bradesco, Itaú, Santander, Nubank e BMG estão entre as instituições que não irão oferecer crédito consignado. A rejeição ocorreu depois que o governo lançou a medida sem estabelecer um teto para a taxa de juros a ser cobrada.
Preocupação com a medida
A reiterada recusa dos grandes bancos mostra que há preocupações com a eficácia da medida e seu impacto na imagem das instituições financeiras, segundo especialistas ouvidos pelo GLOBO.
Em resumo, trata-se principalmente do endividamento de pessoas em situação de vulnerabilidade social, com um empréstimo que pode comprometer em até 40% do valor-base do programa Auxílio Brasil – R$ 400,00.
Opinião dos bancos sobre o consignado do Auxílio Brasil
Octavio de Lazari Júnior, presidente do Bradesco, disse nesta última sexta-feira (5) que, por se tratar de uma operação com a taxa de juros elevada (sem teto definido). Além da parcela de R$ 600 do auxílio ter prazo de validade (dezembro), o banco decidiu não oferecer o empréstimo consignado do Auxílio Brasil.
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“Não é uma aposentadoria ou pensão, mas um benefício para pessoas em dificuldade. Dessa forma, o Bradesco não estará ativo nesta carteira. Estamos falando de pessoas vulneráveis. Ao invés de ser uma boa operação para o banco e para o cliente, entendemos que quando o benefício acabar, a pessoa terá maiores dificuldades“, disse o presidente do Bradesco.
Entre os demais bancos privados, o Itaú disse não ter perspectivas de trabalhar com a modalidade. Santander, Nubank, BMG e Inter também não fornecerão a opção de empréstimo consignado, assim como o sistema de Cooperativas de Crédito do Brasil (Sicoob). No entanto, o Banco PAN disse que está se preparando para oferecer a modalidade de empréstimo consignado.
Segundo Lauro Gonzalez, coordenador do Centro de Estudos em Microfinanças e Inclusão Financeira da FGV, as instituições financeiras não querem usar como garantia para o crédito consignado um repasse de renda para uma população que vive em situação de pobreza ou extrema pobreza. Dessa forma, pode até mesmo contrariar as práticas ESG (ambientais, sociais e de governança) adotadas por grandes instituições.
“As instituições que realmente estejam investindo em estratégias ESG terão muitas dúvidas sobre se devem ou não entrar nesse mercado, e provavelmente não entrarão porque parece haver quase consenso sobre a ruindade da medida.“
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